A Coalizão Negra Por Direitos, aliança nacional que reúne 250 organizações do movimento brasileiro, manifesta solidariedade aos ataques racistas e de intolerância religiosa sofridos pela Iyalorixá Kelma de Iyemonjá, coordenadora da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde do Ceará. A líder foi religiosa perseguida e ofendida nas redes sociais pela presidente do PTB-Mulher do estado do Maranhão, Flávia Berthier, e por influenciadores digitais da extrema direita após publicar em seus perfis homenagens às divindades africanas e entidades da umbanda e por participar do encontro de movimentos sociais e culturais com o ex-presidente Lula, dia 21 de agosto de 2021, em Fortaleza.
O discurso de ódio direcionado às tradições das religiões de matriz africana e à história do povo negro são retratos do racismo religioso que tem o intuito de inferiorizar e marginalizar os povos de terreiro. É inaceitável que agressões como essas sejam normalizadas porque, além de desrespeitarem profundamente a cultura e a ancestralidade negra, incitam a depredação de templos e a violência contra praticantes dessa fé. A constituição federal deve ser cumprida a fim de responsabilizar legalmente qualquer tipo de discriminação, preconceito e racismo.
Em apoio à Renafro-Saúde, a Coalizão Negra exige que o Estado responsabilize as pessoas envolvidas nos ataques e que garanta o respeito e a integridade dos patrimônios materiais e imateriais afro-brasileiros e a liberdade, individual e coletiva, do culto e da crença.
Ademais, consideramos que o exercício da livre expressão religiosa não deve ser cerceado ou constrangido pela naturalização da persistência do racismo religioso. Não aceitaremos mais silêncios mediante à violência de qualquer tipo a nenhuma pessoa negra.
Prestamos nossa solidariedade à Iyalorixá Kelma de Iyemonjá, bem como nosso respeito.