A filósofa e ativista afro-americana Angela Davis se encontrou com cerca de 60 representantes da Coalizão Negra por Direitos de vários estados na manhã da terça-feira (22). Na noite anterior, Angela Davis falou sobre participação política do povo negro além das lutas indígenas, dentre outros temas sociais, para uma plateia de 15 mil pessoas no Parque do Ibirapuera (SP). Bianca Santana, da Coalizão Negra por Direitos, foi uma das interlocutoras da conferência.
No encontro, Angela Davis recordou das vezes em que esteve no Brasil. Como na primeira vez, 1997 em São Luís no Maranhão e na última em 2018, na cidade de Goiânia, onde participou do ‘Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 anos: Contra o Racismo e a Violência e Pelo Bem Viver’. A militante Ieda Leal, do Movimento Negro Unificado, relembrou com emoção desse encontro com Angela Davis em Goias e ressaltou a influência da ativista para a formação de uma rede nacional de mulheres negras.
A advogada Silvia Souza discorreu sobre as ameaças aos direitos humanos da população negra representadas pelo pacote anticrime, os decretos de flexibilização da posse e porte de armas e os mais de cinco mil projetos que tramitam no Congresso com o intuito de endurecer o sistema jurídico-penal.
A representante da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Quilombolas, Selma Dealdina, destacou a ameaça à vida dos povos quilombolas de Alcântara (MA) em face da recente aprovação no Congresso do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) firmado com os Estados Unidos.
Ao final do encontro, Angela Davis assegurou apoio à Coalizão para facilitar articulações e agendas internacionais e se comprometeu a dar visibilidade no exterior às ameaças aos direitos da população negra brasileira e às lutas que vem sendo travadas pelo movimento negro. “Vocês têm sido capazes de uma intensa organização e capacidade para se mover rapidamente. Farei o possível para divulgar essas violações onde quer que eu esteja. A luta racial é global” afirmou.