A historiadora Wania Sant’Anna, participou do ‘Debate da Revisão de Meio-Termo o da Década Internacional para as pessoas afrodescendentes’ representando a Coalizão Negra Por Direitos, na ONU, nesta sexta feira, 13 de Março.
O apelo feito à comunidade internacional buscou apoio no combate ao genocídio negro em curso, aos ataques às religiões de matriz africana e a falta de políticas para a comunidade quilombola. “ A comunidade internacional reconhece as violações de direitos humanos em curso no Brasil”. apresentou Wania
Segundo o Atlas da Violência 2019, no ano de 2017 a taxa de homicídios no Brasil chegou a mais 65 mil mortes – o nível histórico mais alto até o presente – dentre eles, 49.500 ceifaram a vida de afro-brasileiros, homens e mulheres , 75% do total.“Como ilustração, o Brasil possui oficialmente 4.878 cidades com população inferior a 50.000 habitantes. Isso significa que qualquer uma dessas cidades poderia ter sido varrida do mapa.” Destacou Sant’anna.
Entre 2007 e 2017, dados do Ministério da Saúde mostram um crescimento de 33% no crescimento de homicídios de afro-brasileiros (dez vezes a mais que o de brancos). “ Cerca de 400 mil afro-brasileiros foram mortos sob incontestável violência policial, disputas entre gangues, mas acima de tudo, vítimas de discriminação racial histórica e racismo estrutural no Brasil.” alertou. Para a historiadora, a proposta do atual governo de flexibilizar as armas de fogo certamente aumentará esses indicadores.
Indo na contramão do discurso de Jair Bolsonaro de não demonstrar interesse em demarcar territórios quilombolas, Wania destacou a inconstitucionalidade da ação. “ Isso expõe essas comunidades a ameaça extrema, a invasão de suas terras, ao agronegócio, às atividades de mineração e empresas transnacionais, além da base aeroespacial de Alcântara”. pontuou.
Segundo ela, o forte lobby de líderes evangélicos fundamentalistas no Executivo e no Congresso Nacional influenciam ataques a religiões de matriz africana “Estamos enfrentando incêndios intencionais, depredação de seus locais sagrados, entre outras ameaças. Isso nos mostra a incapacidade do Estado de proteger esse grupo do ódio religioso e do racismo.”
“Diante da agenda apresentada, a Coalizão Negra por Direitos, representando mais de 100 entidades do movimento negro brasileiro, adverte a comunidade internacional que se somem à luta contra o racismo no Brasil como a estratégia de manter o legado da Conferência de Durban e reverenciar a memória de todos os africanos, homens e mulheres, submetidos à escravidão por quatro séculos. “ Concluiu.