Fora garimpo ilegal da Terra Indígena Yanomami!
A Coalizão Negra por Direitos manifesta solidariedade às nossas irmãs e irmãos yanomami, constantemente violentadas pelo garimpo.
Destinamos R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) da campanha Tem Gente com Fome à Hutukara Organização Yanomami, sem intermediações, respeitando a autoorganização indígena.
“Nada de nós sem nós”.
Convocamos todas as pessoas e organizações que puderem, a também fazerem suas doações diretamente à Hatukara pelo PIX: CNPJ 07.615.695/0001-65.
Importante registrar que as comunidades da Terra Indígena Yanomami denunciam a gravidade da situação a que foram submetidas pelo garimpo há décadas. Mais recentemente, o II Fórum de Lideranças da Terra Indígena Yanomami, realizado em 2021 alertou:
Antes era tudo lindo, tudo limpo. Agora, nesse ano, água virou lama. O garimpo ilegal está se espalhando na nossa terra. Ele chegou em lugares onde a gente não pensava que ia chegar. Agora o peixe não enxerga nada. Agora ficamos preocupados porque o peixe tem mercúrio e não queremos envenenar nossas crianças e adultos. Agora o garimpo está expulsando nossa caça.
O Fórum de Lideranças da TI Yanomami solicitou a fiscalização permanente dos postos de combustível que abastecem os garimpos, da circulação nas estradas, dos aviões e helicópteros que trabalham para os garimpos, dos portos que dão acesso à TI Yanomami pelos rios, das pistas de pouso. Em visita ao território yanomami na semana passada, o presidente Lula se comprometeu a acabar com o garimpo ilegal. O documento formulado pelo Fórum apresentou caminhos:
Queremos que as BAPEs [Bases de Proteção Etnoambiental] estejam funcionando e impedindo os garimpeiros de entrar. Queremos a destruição de todos os equipamentos e sistemas de comunicação como internet e satélite. Queremos a investigação dos empresários de garimpo.
A imperiosa reestruturação da FUNAI, nesse contexto, demanda celeridade e recursos orçamentários suficientes para se fazer frente, entre tantos descalabros testemunhados nos últimos anos de governo antidemocrático, às condições indignas de vida infligidas às comunidades da Terra Indígena Yanomami, que teriam sido dizimadas se não fosse a atuação organizada, persistente e competente das agências indígenas da sociedade civil, no tocante às denúncias nacionais e internacionais, devendo tais organizações ocuparem espaço de destaque da concepção à execução do novo projeto político.
Fazemos coro às demandas dos povos indígenas de que o governo brasileiro cumpra seu dever e garanta que urihi (terra-floresta) continue viva!
Com a terra viva, vivem os Yanomami, vivemos todos nós.
Coalizão Negra por Direitos
24 de janeiro de 2023.